Futuro
O mar
será uma muralha, outra vez, as ondas rolarão como vagas guerreiras
e invasoras. Os peixes perseguirão outros predadores, será uma vez,
livres de anzóis e arpões.
- O
anverso das simbologias.
A
terra como um repositório, inesperado, a lava invadirá o passado
presente tornado memória apagada. As árvores submersas renascerão
rasteiras para outro princípio.
- Restos de vidas irrepetíveis.
O céu
esquecerá o azul, incompleto, as nuvens dissipar-se-ão em
fragmentos divididos sem forma ou magia. O vento insistirá em
espirais incompreensíveis, sem voz.
- E as penas também.
O sol
empalidecerá na bruma cinzenta e espessa, inusitado, como um
holofote coberto para um cenário sem alguém. A luminosidade estará
difusa em partículas sombrias.
- Continuarão.
A lua
prateada perderá o valor místico da imaginação, abandono surreal,
esquecida pelas vozes tornadas silêncio absoluto. Matéria pura.
- Serão invisíveis.
M.
Lisboa: 2016
São Roque do Pico - Ilha do Pico, Região Autónoma dos Açores (fotografia: dulcecor) |