terça-feira, 12 de julho de 2016

Tempos

Futuro

O mar será uma muralha, outra vez, as ondas rolarão como vagas guerreiras e invasoras. Os peixes perseguirão outros predadores, será uma vez, livres de anzóis e arpões.

- Monstros marinhos?
- O anverso das simbologias.

A terra como um repositório, inesperado, a lava invadirá o passado presente tornado memória apagada. As árvores submersas renascerão rasteiras para outro princípio.

- Uma coisa diferente?
- Restos de vidas irrepetíveis.

O céu esquecerá o azul, incompleto, as nuvens dissipar-se-ão em fragmentos divididos sem forma ou magia. O vento insistirá em espirais incompreensíveis, sem voz.

- Apagar-se-ão os pássaros?
- E as penas também.

O sol empalidecerá na bruma cinzenta e espessa, inusitado, como um holofote coberto para um cenário sem alguém. A luminosidade estará difusa em partículas sombrias.

- Luz e sombra?
- Continuarão.

A lua prateada perderá o valor místico da imaginação, abandono surreal, esquecida pelas vozes tornadas silêncio absoluto. Matéria pura.

- E as fases?
- Serão invisíveis.


M. Lisboa: 2016

São Roque do Pico - Ilha do Pico, Região Autónoma dos Açores (fotografia: dulcecor)

Sem comentários:

Enviar um comentário